'Se essa tabela cair, vai ter uma greve pior que a última', ameaça representante da CNT
REUTERS/Leonardo Benassatto |
Enquanto as empresas transportadoras se movimentam para mudar
a tabela do frete mínimo, os caminhoneiros acompanham, ressabiados, o andamento
das negociações em Brasília. Nas redes sociais, os motoristas temem que o lobby
dos grandes grupos consiga derrubar a tabela recém-instituída pelo governo como
contrapartida ao fim da greve. Mas eles prometem resistir. "Se essa tabela
cair, vai ter uma greve pior que a última. E aí não vai ter negociação, pois
eles vão querer provar para o mundo que são fortes, vai ser uma grande revolta",
diz Ivar Luiz Schmidt, representante do Comando Nacional do Transporte (CNT) e
que foi o grande líder da paralisação de 2015.
Foi ele quem criou
os primeiros grupos de caminhoneiros no WhatsApp para organizar os protestos
daquele ano. Hoje, Schmidt participa de quase 90 grupos na rede. "Tá todo
mundo só esperando que a tabela seja derrubada para parar tudo de novo",
afirma. "E, pelo que estou vendo no WhatsApp, pode ter certeza de que isso
vai acontecer."
A
tabela de preço mínimo do transporte rodoviário - definida às pressas pelo
governo para interromper a greve na semana passada - é considerada a maior
vitória dos caminhoneiros nos últimos tempos. Mas, diante da reação do
empresariado (principalmente representantes do agronegócio), eles começam a
temer que essa conquista esteja com os dias - ou horas - contados.
"Não
vejo coisa muito boa vindo pela frente, mas vamos lutar para encontrar um
meio-termo para ambas as partes", afirma o presidente da Associação
Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José Fonseca Lopes, que esteve à frente
das negociações com o governo na greve encerrada na semana passada. Ele deve
participar hoje de uma reunião com a Casa Civil para discutir o assunto.
"Esperamos encontrar um denominador comum que não prejudique o
caminhoneiro. Caso contrário, podem esperar uma nova rebelião."
O
presidente da Abcam afirma que uma tabela de preço mínimo vinha sendo negociada
no Congresso antes da greve e da medida provisória ser emitida. Schmidt afirma
que desde 2016 essa proposta vem sendo negociada, sem sucesso - com as
condições precárias de trabalho dos motoristas de caminhão no Brasil sendo
ignoradas.
"Hoje,
não existe categoria mais massacrada que o caminhoneiro. Há 30 anos esse
profissional vem sendo explorado", diz Schmidt, do CNT. Na avaliação dele,
se os motoristas autônomos permitirem que o governo elimine essa tabela em
favor das transportadoras, eles estarão perdendo uma grande oportunidade de
melhorar a qualidade de seu trabalho. Com informações do Estadão Conteúdo.
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