Ex-secretário de Comunicação e
ex-chefe de gabinete nos governos do tucano, Roldo era considerado o
“primeiro-ministro” do Executivo estadual durante as gestões de Richa
Nome não muito conhecido do público, Deonilson Roldo está em
evidência. Ex-secretário de Comunicação e ex-chefe de gabinete de Beto Richa
(PSDB), Roldo apareceu em uma conversa comprometedora com o diretor-executivo
da construtora Contern, Pedro Rache. A conversa foi gravada e uma cópia do
áudio chegou ao Ministério Público Federal. Saiba mais detalhes sobre a gravação aqui.
Na gravação, de uma conversa de 2014, Roldo e Rache
tratam da licitação das obras na PR-323, rodovia no Noroeste do Paraná. O
ex-secretário afirma que existia um “compromisso” do governo nessa obra. Depois,
cita outra negociação que estava em andamento na Copel, envolvendo a gestão de
seis usinas do Complexo Industrial de Aratu, na Bahia. O objetivo seria chegar a um “entendimento” com a construtora a respeito do assunto.
Se Roldo entrou em evidência agora, nos bastidores
já era amplamente conhecido – especialmente por sua influência junto ao
ex-governador Beto Richa. Jornalista de formação, chegou a ser considerado o
“primeiro-ministro” do Paraná na gestão tucana.
Déo, como costuma ser chamado, é próximo de Richa
desde o tempo em que o tucano foi prefeito de Curitiba. Na época, ocupou as
mesmas duas secretarias pelas quais respondia no governo do estado até a
renúncia de Richa, em 6 de abril.
A influência de Roldo sobre Richa é tamanha
que, em levantamento feito pelo blog
Caixa Zero em 2014, nove entre dez pessoas próximas ao ex-governador
afirmaram que Déo era quem Richa mais ouvia antes de tomar suas decisões.
Em 2015, um deputado aliado afirmava que Richa
seria o garoto propaganda do governo, enquanto Roldo faria o papel de gestor do
cotidiano no Executivo estadual. “O Beto não é muito afeito às questões
administrativas do cotidiano, de fiscalizar, controlar, de ver o orçamento. O
Déo é que acaba decidindo tudo, as decisões meio que caem para ele”, afirmou, à
época, o parlamentar.
Em nota, Deonilson disse que a gravação foi feita de forma
clandestina, premeditada e com interesses escusos. Negando que tenha
cometido qualquer irregularidade, ele afirmou que, desde que soube da
existência do áudio, tem sido vítima de ameaças e chantagens.
Outra denúncia
No início deste ano, Roldo foi intimado pela Polícia
Federal (PF) a depor no âmbito da Operação Quadro Negro,
que apura desvios de até R$ 20 milhões em obras em escolas no interior do
Paraná.
Na época, também foram chamados a depor outros
nomes importantes do então governo Richa: Ezequias Moreira, que era (e continua
sendo) secretário especial de Cerimonial e Relações Internacionais do governo;
e Ricardo Rached, que ocupava a função de assessor da governadoria.
Depois de prestar depoimento, Roldo disse à
imprensa que respondeu as perguntas na condição de testemunha
de acusação, e não de investigado. Além disso, afirmou que os acusados na
operação citaram nomes de pessoas próximas ao ex-governador como forma de
“vingança” e “retaliação”.
Com a renúncia de Richa para concorrer ao Senado,
Roldo saiu das funções de chefe de gabinete e também da secretaria de
Comunicação Social do governo. Entretanto,
não ficou de fora do governo de Cida Borghetti (PP). Depois de renunciar aos
cargos, ele passou a ocupar uma diretoria na Copel. Diante da divulgação da
gravação, porém, acabou demitido nesta
sexta-feira (11).
Fonte: Gazeta do Povo
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