Foto: Guilherme Santos/Sul21 |
Após o anúncio do
Planalto de que faria uso de órgãos federais de segurança e das Forças Armadas
para debelar manifestações de caminhoneiros, a presidenta nacional do Partido
dos Trabalhadores, senadora Gleisi Hoffman (PR), repudiou a medida, que afirma “agravar
o equívoco do governo”. A petista se refere à proposta do governo para um
acordo com os grevistas, baseada em isenções tributárias para o diesel e
desonerações para o setor de transporte. A legenda lançou uma nota em que
defende a política de preços mantida durante os governos Lula e Dilma, quando
os ajustes eram feitos apenas anualmente.
Em entrevista ao Brasil
de Fato, Hoffman ressaltou que a fórmula do governo não resolve o
problema de outros derivados, como a gasolina e o gás de cozinha, e terá
efeitos negativos em outras áreas da gestão pública. “O governo, ao propor
subsídio e desoneração, não enfrenta o problema principal, que é a política de
preços da Petrobras, que é nefasta para o povo brasileiro, considerando mais os
grandes grupos financeiros acionistas do que a população, que é a maior
acionista, já que se trata de uma empresa estatal. Vai tirar dinheiro de quem
precisa, de políticas públicas e programas, para subsidiar o diesel”, diz.
A senadora paranaense não deixou de
adentrar a polêmica sobre qual deve ser a posição das organizações de esquerda
em relação à mobilização dos caminhoneiros. “O que nós estamos dizendo é que a
saída não é a apontada pelo governo, nem por alguns setores do movimento. A
postura do governo de empregar as forças federais de segurança é um fator de
preocupação e intranquilidade. Agrava uma posição equivocada do governo. Em um
caso desses, a posição da esquerda é ser solidária aos movimentos
reivindicatórios que tem pautas justas”, afirma.
Alexandre Castilho, diretor do Sindicato
Unificado dos Petroleiros de São Paulo, afirma que é preciso compreender tanto
os elementos que aproximam, quanto os que afastam as organizações populares e
de esquerda da mobilização atual. Para ele, o papel delas é apontar um
diagnóstico e uma proposta mais profundos do que as presentes.
“Nós temos uma pauta em comum: a
necessidade de baixar os preços dos derivados do petróleo. A única diferença é
que queremos atuar na origem do problema. Qual o caminho? Voltar a uma política
de preços internos baixos, inviabilizando as importações, porque nosso preço é
mais competitivo, aumentando a produção das refinarias. Nós podemos trabalhar
com 95% da nossa carga e atender o mercado. Não arrecadar impostos fará com que
outras áreas sejam prejudicadas, como a Previdência Social”, afirma, se
referindo à proposta do governo de zerar o PIS/Cofins sobre o diesel.
Por conta da mobilização, os petroleiros
devem adiantar o processo de articulação de uma greve originalmente prevista
para junho, que deve incluir como pauta justamente o aumento da produção das
refinarias da Petrobras, que hoje operam, em média, em 70% de sua capacidade. Por Rafael Tatemoto do Brasil de Fato.
Fonte:
Sul21
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