domingo, 13 de maio de 2018

Moro determina abertura de inquérito contra Richa


Sérgio Moro assumiu as investigações a partir da Lava Jato sobre o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB-PR) e determinou que a PF abra um inquérito contra o tucano para apurar o suposto favorecimento à Odebrecht na licitação da PR-323, no noroeste do Paraná; em delações premiadas, o ex-presidente do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht Benedicto Júnior e do ex-executivo da construtora na região Sul, Valter Lana, afirmaram que o tucano recebeu pelo menos R$ 2,5 milhões como caixa dois para a campanha eleitoral de 2014; áudios do MPF também complicam ainda mais a vida dele
Paraná 247 - Sérgio Moro assumiu as investigações a partir da Operação Lava Jato sobre o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB-PR) e determinou que a Polícia Federal (PF) abra um inquérito contra o tucano para apurar o suposto favorecimento à Odebrecht na licitação da PR-323, no noroeste do Paraná. Foi concedido um prazo de 30 dias para que a PF e o Ministério Público Federal (MPF) continuem as apurações.
Richa foi citado nas delações premiadas do ex-presidente do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht Benedicto Júnior e do ex-executivo da Odebrecht na região Sul, Valter Lana. Os depoimentos foram divulgados no ano passado. 
Segundo os delatores, o ex-governador, que deixou o cargo para disputar o Senado este ano, recebeu pelo menos R$ 2,5 milhões como caixa dois para a campanha eleitoral de 2014 - ano em que foi reeleito - porque consideravam que se tratava de um político promissor. Ambos também informaram que não houve uma contrapartida específica.
Benedito Júnior esclareceu que os valores foram lançados internamente como gastos no projeto de duplicação da PR-323, na qual a Odebrecht atuou.
No despacho, Moro disse que "ainda no desdobramento das investigações, foi descoberta a existência, no Grupo Odebrecht, do asssim denominado Setor de Operações Estruturadas, consistente em um departamento específico encarregado, na empresa, de realizar pagamentos não-contabilizados, entre eles de vantagem indevida a agentes públicos".
Em nota, a defesa de Richa afirmou que aguarda a decisão de um recurso contra a decisão que determinou a remessa da investigação para a Justiça Federal, conforme relato do G1. "A defesa entende que, com o julgamento deste recurso, deverá ser reformada a decisão proferida, determinando a remessa para a Justiça Eleitoral, nos mesmos moldes de decisões de casos similares".
O Diretório Estadual do PSDB voltou a afirmar que todas as doações eleitorais nas campanhas do ex-governador Beto Richa ocorreram em conformidade com a legislação vigente e estão amparadas pela aprovação da Justiça Eleitoral.
Tucano pode se complicar mais
O que também pode complicar ainda mais a vida do ex-governador são osáudios do MPF obtidos pela IstoÉ apontando que o então chefe de gabinete do seu governo, Deonilson Roldo, tentou convencer Pedro Rache, diretor-executivo da Contern, uma construtora do grupo Bertin, a desistir da licitação para duplicação da PR-323 (negócio de R$ 7 bilhões), porque, de acordo com o chefe de gabinete, a obra estaria prometida para a Odebrecht. 
Segundo o aúdio, Deonilson Roldo afirmou a Rachae: "A gente tem um compromisso nessa obra aí. Queria ver até onde a gente pode entrar para que esse compromisso não seja desrespeitado". 
De acordo com a reportagem da revista, em contrapartida pela desistência da Contern no processo licitatório da PR-323, Roldo ofereceu ajuda do governo em outro negócio de interesse do Grupo Bertin no Complexo de Aratu, no litoral da Bahia, onde o grupo possuía seis usinas térmicas, porém buscava um parceiro.


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