A juíza Carolina Lebbos, responsável pelas condições da
prisão de Lula em Curitiba, ficou conhecida por negar, mesmo contra a Lei das
Execuções Penais, o direito a visitas ao ex-presidente. Os casos mais escandalosos
foram os do médico de Lula, do prêmio Nobel da Paz e do frei Leonardo
Boff, cuja foto sentado à soleira da sede da PF correu o mundo. Tão rigorosa, a
juíza-carcereira permitiu que a revista Veja tivesse acesso à sede da PF para
uma reportagem que tem como única intenção denegrir novamente a imagem do
ex-presidente. Mesmo regiamente recompensada pelo governo Temer, o grupo
empresarial da revista, controlado pela família Civita, está ameaçado de
quebrar
247 - Para os amigos,
tudo, diz o ditado. Ele se encaixa à perfeição à juíza-carcereira de Lula na
prisão em Curitiba, Carolina Lebbos. Ela, que negou a visita a Lula na sede da
PF em Curitiba ao prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, ao frei Leonardo
Boff, e a políticos e amigos, alegando "o rigor da lei", franqueou a
entrada da revista Veja numa reportagem que tem o único intuito de denegrir a
imagem do presidente, como se ele fosse detentor de "regalias".
A reportagem tem só este objetivo: atacar o ex-presidente, insinuando que ele
teria privilégios e alimentando a campanha de ódio da qual a revista tem sido
ao longo dos anos uma das principais protagonistas. Lula, diz a reportagem da
revista dos Civita, teria "uma rotina diferente da dos outros 22 presos na
carceragem da PF em Curitiba". O texto, simulando discreto escândalo com a
"vida boa" de Lula, descreve: "O ex-presidente não tem hora para
acordar ou dormir, não tem hora para o banho de sol, pode receber os advogados
quando desejar, as visitas não passam pela revista íntima e a cela, confortável
se comparada às demais, não fica trancada. Normalmente, a porta permanece
apenas fechada. Mesmo sem horários rígidos, o dia de Lula na prisão começa por
volta das 7 horas — e segue uma rotina especial." Mais ainda, um ex-presidente
da República, preso injustamente, numa solitária, teria uma
"deferência" que, no tom que perpassa a reportagem, seria
inadmissível: "o encarregado de servir a refeição bate na porta antes de
abri-la. Entra, coloca a marmita sobre a mesa redonda e aplica uma dose de
insulina no ex-presidente, necessária para o tratamento do diabetes."
Sintomaticamente, a revista deixa de mencionar a idade de Lula, 72 anos, e seu
estado de saúde. Além de diabético e cardíaco, o ex-presidente combateu por
cinco anos um câncer na laringe, do qual foi declarado curado apenas em 2016. A
juíza Lebbos negou o direito de visita ao médico de Lula. Para a revista Veja,
no entanto, tudo é permitido.
Com uma
tiragem cada vez menor, a revista, que nos últimos anos tornou-se uma
publicação que abandonou o jornalismo para tornar-se numa espécie de
panfleto semanal contra os governos petistas e foi protagonista no processo do
golpe de Estado contra a ex-presidenta Dilma Roussef. A revista foi regiamente
recompensada pelo governo Temer. No primeiro ano do governo, a contar do
afastamento de Dilma em maio de 2016, Veja viu sua receita publicitária com o
governo federal crescer nada menos que 490%, superando
todos os "jornalões" e revistas, incluindo Folha, Globo e
Estadão. Foram mais de R$ 3 milhões para os cofres dos Civita, por decisão da
Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência. Todo o dinheiro não tem
sido suficiente, no entanto, para tirar o grupo Abril da crise. Em janeiro
deste ano, o grupo demitiu mais de 150 funcionários, na enésima onda de
demissões, que inclui fechamento de títulos, mudança da icônica e suntuosa sede
da revista na Marginal do Rio Pinheiros, numa agonia de anos, em sucessivas
renegociações de dívidas com os bancos, sem sucesso. Em julho de 2017, saiu a
público relatório da auditoria PricewaterhouseCoopers
(PwC) sobre o balanço de 2016 da empresa, anotando dívidas de
quase R$ 400 milhões e indicando o risco de quebra da Abril.
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