Foto: Sindicato dos Jornalistas do Norte do Paraná |
Depois de três
meses de resistência, terminou uma das mais longas greves da história do
jornalismo brasileiro. Em assembleia realizada nesta segunda-feira (7), os
jornalistas de O Diário, de
Maringá (PR), decidiram encerrar a mobilização.
Porém o
desfecho da greve não representa o retorno dos trabalhadores a seus postos.
Cansados de esperar pelo acerto de salários atrasados desde novembro do ano
passado, os grevistas foram entrando, um a um, com ações de rescisão indireta
na Justiça. Alguns já conseguiram, inclusive, a liberação do FGTS, cujo
depósito foi interrompido em 2016. Neste período alguns profissionais buscaram
emprego em outras empresas.
Desde o dia 7 de fevereiro, junto com o
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná, funcionários de O
Diário promoveram uma série de protestos, panfletagens, reuniões com
autoridades e representantes da sociedade civil organizada. Até mesmo uma
arrecadação de cestas básicas para colegas foi realizada na tentativa de
sensibilização do proprietário, o empresário .
“Entrar
em greve não foi uma escolha, mas uma necessidade diante dos ataques da empresa
contra os direitos básicos dos funcionários, como pagamento de salários”,
resume Rodrigo Parra, ex-editor de O Diário. “A falta de pagamentos de salários
e de respeito com esses profissionais forçou a greve, e a culpa da greve e da
crise pela qual passa a empresa é da falta de competência na gestão de um
importante jornal da cidade, bem como a constante ausência do proprietário, que
andava mais preocupado com lâmpadas de LED do que com o jornalismo de
qualidade”, dispara o ex-repórter do jornal Luiz Fernando Cardoso.
Durante
a greve, um grupo não aderiu ao movimento e permaneceu fazendo edições do
jornal de forma precária, utilizando-se de materiais produzidos por
assessorias.“Sempre fizemos com amor e dedicação o nosso trabalho, evidente
pela qualidade impressa em belíssimas edições que, acredito, jamais serão
publicadas com a mesma competência novamente. Quem perde com isso são os
leitores e a sociedade, onde o jornal conquistou sua credibilidade, mas a
perdeu no momento em que mais devia valorizar seus funcionários”, lamenta
Welington Vainer, ex-infografista do periódico. “O Diário perdeu sua relevância
e credibilidade ao dar as costas a profissionais gabaritados de jornalismo,
alguns com 10, 20 e até mais que 30 anos de casa”, completa Luiz Fernando
Cardoso.
Ainda
que não tenha atingido o objetivo de pressionar a empresa a cumprir seus
deveres trabalhistas, os grevistas classificam o movimento como vitorioso, pois
demonstrou que os jornalistas são capazes de se unir e brigar por seus
direitos. “Para uma categoria acostumada a noticiar greves, ver-se forçada a
entrar em uma, devido ao sofrimento de quase quatro meses de atrasos nos
salários, é uma mudança de perspectiva. Foram dias difíceis, de uma luta que
traz angústias, mas também dignidade. A união que existiu entre boa parte da
redação e o apoio da comunidade vieram pra provar que tomamos o melhor
caminho”, avalia a ex-repórter de O Diário Pauline Almeida.
Para a
estagiária Maynara Guapo, a paralisação deixou um legado positivo. “Sempre
sonhei em trabalhar no Diário. Por meio do Projeto O Diário na Escola, descobri
o meu verdadeiro amor pelo jornalismo. Ter participado desta greve me fez
refletir sobre ir em busca dos meus direitos. Aprendi muito durante meus meses
de estágio, mas, com certeza, esta greve foi histórica e tenho orgulho de ter
participado”, atesta.
A
participação do Sindicato dos Jornalistas do Norte do Paraná nas a frente das
tentativas de negociação foi destacada pelos profissionais. “Vale ressaltar a
importância de um sindicato ativo neste momento. Sem o respaldo da diretoria e
assessoria jurídica, não teríamos conseguido tamanha coesão”, destaca Pauline
Almeida. “Agora é esperar da Justiça que faça seu papel e cobre do patrão nada
mais do que honrar com seus compromissos”, concluiu a jornalista.
Porém.net
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