sábado, 28 de abril de 2018

Outra de Richa: R$ 5 milhões para alterar zoneamento


Do inesperado, eis que Beto Richa envolvido em maracutaia que não se tinha notícia. O ministro Jorge Mussi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), enviou à Promotoria de Campina Grande do Sul uma sindicância que apura se o ex-governador Beto Richa (PSDB) teria assinado um decreto para valorizar um terreno na região. Em troca, o tucano teria recebido em torno de R$ 5 milhões em dinheiro para a campanha de reeleição dele em 2014 e na forma de sociedade em negócios imobiliários. Ele nega a acusação. A informação foi divulgada pelo Paraná TV 2ª edição, da RPC TV, e confirmada pela Gazeta do Povo.
Segundo a Gazeta, a investigação, que apura os crimes de corrupção ativa e passiva, foi remetida ao Paraná em virtude de Richa ter renunciado ao cargo de governador e perdido o chamado “foro privilegiado”. A sindicância apura negócios com um terreno que fica na Área de Proteção Ambiental (APA) do Iraí, em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba. Em 2010, o então prefeito do município, Loreno Tolardo (ex-PSD), e o irmão dele, Luís Tolardo – ambos donos da Transportadora Gralha Azul (TGA) –, compraram um terreno na região da APA por R$ 2 o metro quadrado, num negócio total de R$ 1.461.500.
O baixo valor estaria relacionado à limitação de uso do imóvel, por estar localizado dentro de uma Área de Proteção Ambiental. Essa limitação foi alterada por meio de um decreto assinado pelo então governador Beto Richa em julho de 2014, sob o número 11.660, que mudou parte do zoneamento da APA. O texto permitiu o que antes era proibido, como exploração de atividades de serviços num terreno que fica ao lado do Contorno Leste. Atualmente, a montadora Renault – que não é investigada – aluga o local para abrigar um pátio de automóveis.
De acordo com as investigações, três meses antes da edição do decreto, a área em questão havia sido vendida pelos irmãos Tolardo por aproximadamente R$ 25 milhões, em torno de R$ 100 o metro quadrado. Diante dos valores muito superiores aos da aquisição do terreno, o ministro Jorge Mussi deduziu que “essa valorização expressiva possivelmente tenha decorrido da perspectiva de alteração do zoneamento”.
Segundo depoimento de Paulo Victor Junqueira da Cunha, corretor de imóveis que intermediou a venda do terreno, Richa teria recebido cerca de R$ 5 milhões “para tornar a área comercialmente interessante”. Parte do pagamento teria ocorrido por meio de doação da empresa TGA à campanha do tucano em 2014, e o restante em participação ou sociedade em negócios imobiliários.
Conforme prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a transportadora e suas subsidiárias doaram a Richa R$ 200 mil em 8 de agosto; R$ 300 mil em 14 de agosto; e mais R$ 300 mil em 28 de outubro. “[Aponta] o Ministério Público Federal que há inequívocos indícios de que pelo menos os valores doados à campanha constituíram retribuição ilícita pela alteração do zoneamento da APA do Iraí”, diz a sindicância do STJ.
Fonte: Cícero Cattani

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