Do inesperado, eis
que Beto Richa envolvido em maracutaia que não se tinha
notícia. O ministro Jorge Mussi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ),
enviou à Promotoria de Campina Grande do Sul uma sindicância que apura se o
ex-governador Beto Richa (PSDB) teria assinado um decreto para
valorizar um terreno na região. Em troca, o tucano teria recebido em torno de
R$ 5 milhões em dinheiro para a campanha de reeleição dele em 2014 e na forma
de sociedade em negócios imobiliários. Ele nega a acusação. A informação
foi divulgada pelo Paraná TV 2ª edição, da RPC TV, e confirmada
pela Gazeta do Povo.
Segundo a Gazeta, a investigação, que
apura os crimes de corrupção ativa e passiva, foi remetida ao Paraná em virtude
de Richa ter renunciado ao cargo de governador e perdido o chamado
“foro privilegiado”. A sindicância apura
negócios com um terreno que fica na Área de Proteção Ambiental (APA) do Iraí,
em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba. Em 2010, o então
prefeito do município, Loreno Tolardo (ex-PSD), e o irmão dele, Luís Tolardo –
ambos donos da Transportadora Gralha Azul (TGA) –, compraram um terreno na
região da APA por R$ 2 o metro quadrado, num negócio total de R$ 1.461.500.
O baixo valor estaria relacionado à
limitação de uso do imóvel, por estar localizado dentro de uma Área de Proteção
Ambiental. Essa limitação foi alterada por meio de um decreto assinado pelo
então governador Beto Richa em julho de 2014, sob o número 11.660, que
mudou parte do zoneamento da APA. O texto permitiu o que antes era proibido,
como exploração de atividades de serviços num terreno que fica ao lado do
Contorno Leste. Atualmente, a montadora Renault – que não é investigada – aluga
o local para abrigar um pátio de automóveis.
De acordo com as investigações, três meses
antes da edição do decreto, a área em questão havia sido vendida pelos irmãos
Tolardo por aproximadamente R$ 25 milhões, em torno de R$ 100 o metro quadrado.
Diante dos valores muito superiores aos da aquisição do terreno, o ministro
Jorge Mussi deduziu que “essa valorização expressiva possivelmente tenha
decorrido da perspectiva de alteração do zoneamento”.
Segundo depoimento de Paulo Victor
Junqueira da Cunha, corretor de imóveis que intermediou a venda do terreno,
Richa teria recebido cerca de R$ 5 milhões “para tornar a área comercialmente
interessante”. Parte do pagamento teria ocorrido por meio de doação da empresa
TGA à campanha do tucano em 2014, e o restante em participação ou sociedade em
negócios imobiliários.
Conforme prestação de contas ao Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), a transportadora e suas subsidiárias doaram a Richa
R$ 200 mil em 8 de agosto; R$ 300 mil em 14 de agosto; e mais R$ 300 mil em 28
de outubro. “[Aponta] o Ministério Público Federal que há inequívocos indícios
de que pelo menos os valores doados à campanha constituíram retribuição ilícita
pela alteração do zoneamento da APA do Iraí”, diz a sindicância do STJ.
Fonte:
Cícero Cattani
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