Hoje, Beto Richa tem
tudo para ser o Aécio Neves amanhã. Pela pressa dos tribunais superiores
em dar cabo aos inquéritos da Lava Jato e JBS, o ex-governador e candidato ao Senado
tem ainda que responder casos cabeludos em primeira instância – os
que mais pesam contra ele são o escândalo do pedágio que já levou o amigo
Leal Jr para carceragem da Polícia Federal, a mando do juiz Sergio Moro,
e o escabroso desvio de recursos da construção de escolas para o caixa
dois de campanha. À frente, outro amigo muito próximo, Maurício Fanini,
que também está preso na PF.
A delação dos dois, acredita-se, é para
sair logo. Ambos estão sendo pressionados pelas famílias para não assumirem
sozinhos a culpa.
O receio no PSDB é como isso vai respingar
no governador. O atual diretor-geral do DER foi secretário de Obras em Curitiba
quando Richa era vice-prefeito e se manteve na pasta quando o tucano assumiu a
prefeitura.
Já com Richa no governo do estado, Leal
Jr. assumiu o DER em 2013 – ele também integra o Conselho Fiscal da Copel. No
órgão, onde tem salário de R$ 12,7 mil, ele respondia a Pepe Richa, que, agora,
vê sob risco as pretensões de se candidatar a deputado federal.
A relação entre Maurício Fanini
e Beto Richa, vem de longa data. Ambos nasceram em 1965 e se formaram
juntos no curso de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica do Paraná
, na década de 80. Quando Beto Richa foi eleito vice-prefeito de Curitiba,
assumindo também a pasta de Obras Públicas, Fanini ganhou um cargo de
confiança: se tornou diretor de Pavimentação. O ano era 2001.
Com a vitória de Beto Richa em 2010,
Fanini assumiu outro cargo de confiança. Se tornou diretor de Engenharia,
Projetos e Orçamentos da Superintendência de Desenvolvimento Educacional
(Sude), braço da Secretaria da Educação (Seed). Na Sude, Fanini ficou entre
2011 e 2014. No período, ele também ganhou uma cadeira no Conselho de
Administração da Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná).
Já no segundo mandato de Richa, Fanini
recebeu a missão de recriar a Fundepar, autarquia que ficaria responsável
por toda a parte administrativa da pasta de Educação, como contratos de obras,
de merenda, de transporte. Só foi interrompido pela Operação Quadro Negro,
deflagrada em meados de 2015.
Tucanos avaliam que a declaração do ex-ministro
Osmar Serraglio (PP), de que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) tentou alterar o
curso da Lava-Jato com a nomeação de um delegado na Polícia Federal, complica a
situação do senador mineiro. Um dos dirigentes do PSDB disse que o
episódio serve apenas para reafirmar que politicamente a situação de Aécio está
liquidada. Ele acredita que o senador não tem mais a mínima condição de se
candidatar a cargo algum nas eleições deste ano.
Fonte: Cícero
Cattani
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