Ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira avalia ser
"pouco provável que empichem Temer. Preferirão mantê-lo, apesar da
desmoralização que isto significa para eles e para todos nós,
brasileiros"; "O essencial, então, é que nos preparemos para as
eleições de 2018. Para isto, porém, não basta continuar a fazer forte oposição
ao governo e à reforma trabalhista. É também necessário que discutamos um
projeto de governo que possa unir a nação em torno de Lula", afirma
O que fazer?
Depois
do TSE, que manteve Temer na presidência da República não obstante seu
envolvimento direto e pessoal na corrupção, o que fazer? Os movimentos sociais
e o PT insistem no impeachment de Temer e pedem eleições diretas. O que faz
sentido, porque Temer está desmoralizado, e não tem condições mínimas de
presidir o país; porque eleições indiretas para substituí-lo agravarão a crise ao invés de solucioná-la,
dada a ilegitimidade radical de quem for assim eleito; e porque Lula provavelmente se elegerá se houverem eleições diretas
antecipadas.
Mas é isto o que a
direita liberal financeiro-rentista e o PSDB menos desejam. Por isso, é pouco
provável que empichem Temer. Preferirão mantê-lo, apesar da desmoralização que
isto significa para eles e para todos nós, brasileiros.
O
essencial, então, é que nos preparemos para as eleições de 2018. Para isto,
porém, não basta continuar a fazer forte oposição ao governo e à reforma
trabalhista. É também necessário que discutamos um projeto de governo que possa
unir a nação em torno de Lula.
Lula é
o mais extraordinário líder político que o Brasil já teve depois de Getúlio
Vargas. E já mostrou que tem todas as condições de governar o país de maneira
equilibrada, defendendo os pobres e os trabalhadores, sem, para isto, precisar
agredir a alta classe média e os ricos. Lula, porém, não mostrou ser capaz de
tirar o Brasil da semiestagnação econômica em que o país está metido desde
1990. Nesse ano começou a implantação de um regime de política econômica
liberal que, ao abrir a economia, desmontou o mecanismo que neutralizava a
doença holandesa, e implicou uma apreciação cambial de longo prazo, apenas
interrompida por crises financeiras. Desde então a indústria brasileira passou
a sofrer uma grande desvantagem competitiva, que levou o país à
desindustrialização e à semiestagnação.
Lula
não soube enfrentar esse problema, porque os economistas que o assessoravam na
época também não sabiam defini-lo e encontrar uma solução para ele. Nem eles,
nem nenhum outro. Uma tarefa fundamental dos economistas e, mais amplamente,
dos intelectuais brasileiros é discutir essa questão, para a qual já existe uma
resposta; é definir como o Brasil poderá voltar a crescer e a melhorar o padrão
de vida da população. E discutir essa questão com a sociedade brasileira,
porque as políticas necessárias envolverão custos no curto prazo.
Em 2018
não bastará ganhar as eleições; é preciso, em seguida, mostrar que sabemos
governar o país melhor do que os liberais financeiro-rentistas, e não apenas
porque defendemos mais justiça social, mas também porque sabemos administrar
melhor a economia brasileira.
Brasil 247