Em
tramitação no Senado, projeto gera polêmica; defensores afirmam que medida
seria para garantir eficiência
Atualmente,
a legislação autoriza a demissão, mas o trâmite se dá por meio
de um processo
administrativo / Wikicommons
|
O fim da
estabilidade de servidores públicos, aprovado pela Comissão de Constituição e
Justiça do Senado, nessa quarta-feira (4), preocupa entidades sindicais. A
medida está em discussão no Congresso através doProjeto de Lei do Senado (PLS)
116/2017. Para o diretor-executivo da Confederação dos Trabalhadores do Serviço
Público Federal (Condsef), Pedro Armengol, a medida seria uma forma de
possibilitar uma demissão em massa, reduzindo o tamanho do Estado:
"O
que eles querem é uma margem pra ter a possibilidade de demitir servidor
público sem nenhum tipo de justificativa porque, com o ajuste fiscal, a partir
da Emenda Constitucional 95 [que cria o teto dos gastos públicos ], a
União, os estados e municípios vão ter que demitir servidores porque não vão
ter recursos financeiros disponíveis para pagá-los”, diz.
O
projeto é de autoria da senadora Maria do Carmo Alves (Dem/SE) e autoriza
a perda do cargo público por “insuficiência de desempenho”. Atualmente, a
legislação autoriza a demissão, mas o trâmite se dá por meio de um processo
administrativo.
Os
parlamentares favoráveis ao PLS afirmam que a medida é importante para garantir
a eficiência no serviço público. No entanto, críticos da proposta dizem que ela
se baseia em critérios subjetivos de avaliação, o que abriria margem para
possíveis arbitrariedades.
Para
o servidor público federal Danilo Morais, o projeto insere o serviço público em
uma lógica semelhante à da esfera privada. Ele acredita que a medida vai gerar
insegurança e questionamentos judiciais:
“O
Fisco não pode ter meta de resultados cada vez mais ambiciosas como um
vendedor, por exemplo, pode ter. Um vendedor tem que vender cada vez mais.
Agora, quem trabalha no Fisco não pode arrecadar cada vez mais. A lei
tributária vai dizer até quando ele pode tributar e quando ele deve parar.
Imagine, por exemplo, um trabalhador que trabalha num protocolo de uma
repartição burocrática. Ele vai bater meta de que ordem? Ele vai ter uma meta
de receber 100 documentos por dia? E se esses documentos não chegarem? Nada
disso está sendo dialogado nesse projeto”.
A
senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB/AM) apresentou nove emendas com
sugestões de mudanças no PLS, mas elas não foram aceitas pelo relator. Ela
aponta, entre outras coisas, que projetos dessa natureza não podem ser
propostos pelo Poder Legislativo: A Constituição é clara ao dizer que é
exclusividade do Executivo a organização dos servidores públicos, a
iniciativa – via projeto – de organização do serviço público e, principalmente,
a questão da estabilidade no emprego”.
O
Senado abriu uma enquete virtual para
consultar os internautas a respeito da proposta. Até o momento, mais de
103 mil pessoas votaram contra o fim da estabilidade de funcionários
públicos e cerca de 35 mil votaram a favor. Depois da aprovação na CCJ, a
matéria será analisada por mais três comissões legislativas e, se aprovada,
será votada em plenário.
Fonte: Brasil de Fato
Nenhum comentário:
Postar um comentário