Daqui a pouco, na
Câmara, começa outro dia de vergonha para o Brasil.
Um
governo que, ilegítimo desde a origem, cumpre seu pouco mais de um ano sem ter
o que mostrar senão um país prostrado, uma economia arruinada, serviços
públicos em pré-colapso, e a política institucional reduzida ao exercício dos
apetites mais mesquinhos.
A
vontade popular nem mesmo é algo a ser conquistado: trata-se apenas de fazê-la
ser ignorada.
A lei é
apenas um instrumento de favores aos amigos e cúmplices e um castigo a ser
usado contra os inimigos.
A
economia é apenas o território de uma política de cata-moedas para fechar
contas que não fecham jamais, pois o país apenas vegeta.
As tais
“instituições”, uma lástima, onde todos procuram vantagens – de poder ou de
dinheiro – perdidos completamente o equilíbrio, o decoro e o espírito público.
As
Forças Armadas, notadamente o exército, usado numa missão que poderia se
necessária, sim, mas é executada com nítido sentido publicitário, com um
espalhafato que já desapareceu, ante o drama do fechamento das unidades de
saúde. Pior, com evidentes sinais de que lá se opera um poder fora da
cadeia de comando, o maior risco que pode viver uma instituição militar,
fundada na hierarquia e disciplina.
A obra
de destruição da política, dos partidos e das referências nacionais deu num
“vale-tudo” de um cada um por si, onde cada luta para recolher o quanto puder
dos despojos da democracia e do Tesouro.
As
mãos, no Brasil, há muito tempo não servem para construir nem para
estenderem-se aos nossos irmãos mais pobres: são apenas um conjunto de dedos a
serem apontados para o outro.
Hoje,
ao que tudo indica, elas servirão também para levantarem-se em saudação a este
caos.
As
frases que eram gritadas – pelos meus filhos, pelos meus
netos, pelo manto de Nossa Senhora! – agora serão apenas
pensadas, embora ressoando de forma vil: “pelos meus cargos, pelas minhas
emendas e dane-se o Brasil!”
É este
o Brasil mais ético, mais moral, mais honesto que se conseguiu com o processo
iniciado em 2013, do qual só o que se conseguiu mesmo foi a podridão do tal
“padrão Fifa”.
Como
sombras, metade dos parlamentares deslizará até o plenário para dar o número de
que Temer precisa, como se ali se estivesse resolvendo um negócio pessoal, não
o destino de uma nação.
Tudo
isso já vi, há 25 anos, quase, quando o voto dos brasileiros foi negado na
maldita votação das Diretas-Já. Só fez adiar o reencontro do Brasil com a
democracia, a convivência e a busca – que se posterga, mas não cessa – da
felicidade a que temos direito.
Por Fernando Brito
do Tijolaço
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