(Foto: Agência Senado) |
A ex-presidente
Dilma Rousseff prestou depoimento à Justiça nesta sexta-feira (28) como
testemunha de defesa na ação contra a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o
marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo. Os dois são acusados pela Operação
Lava Jato de receber R$ 1 milhão do esquema de corrupção da Petrobras para
bancar a campanha eleitoral dela ao Senado, em 2010. O processo corre no STF
(Supremo Tribunal Federal).
Dilma disse que a senadora, que era ministra-chefe
da Casa Civil quando Paulo Roberto Costa foi demitido da diretoria de
Abastecimento da Petrobras, não tentou pressionar pela manutenção dele no
posto. A permanência de Costa no cargo seria um dos motivos, segundo a
denúncia, que levaram Bernardo a pedir o pagamento de propina. A ex-presidente
também afirmou que o ex-ministro não a procurou após a saída do ex-diretor para
falar do assunto. A petista foi ouvida na sede da Justiça Federal de Porto
Alegre. Conduzida pelo juiz auxiliar Paulo Marcos de Farias, que trabalha com o
ministro Edson Fachin, relator da ação, a audiência durou cerca de meia hora
-começou às 13h10 e foi até as 13h46. Vestindo blusa preta e blazer vermelho,
ela chegou em um veículo com vidros escuros e usou uma entrada lateral do
prédio para acessar a sala onde falaria. A petista reiterou diversas vezes que
Gleisi era ministra quando ela demitiu Costa e que "ela [Gleisi] não
participava dessa decisão. Não era do âmbito dela". Dilma afirmou nunca
ter tratado do assunto com a senadora, atual presidente nacional do PT, a quem
chamou de "uma pessoa bastante séria e extremamente rígida". Além de
Dilma, já foram ouvidos no processo os ex-presidentes da Petrobras José Sérgio
Gabrielli, na Bahia, e Graça Foster, no Rio de Janeiro, e o ex-presidente Lula,
em São Paulo. Ainda deve prestar depoimento o ex-ministro Gilberto Carvalho. O
casal Gleisi e Paulo Bernardo nega as acusações.
'NÃO
OUSARIAM'
A ex-presidente
afirmou à Justiça que dispensou Costa da estatal porque "não achava que
ele era competente para o cargo". Questionada na audiência se alguma
pessoa, político ou liderança pediu para ela manter Paulo Roberto Costa na
Petrobras, foi objetiva: "Não ousariam". "Ninguém pediu. Ninguém
achava que dava para chegar perto de mim e falar 'não tira'", prosseguiu.
Costa foi o primeiro delator da Lava Jato e ainda cumpre pena. Dilma também foi
assertiva ao ouvir pergunta sobre "uma discussão muito ríspida" com
Paulo Roberto Costa, relatada em depoimento do processo. "Várias",
disse a ex-presidente. "Eu não gostava nem desgostava dele. Eu tinha uma
relação profissional. As discussões que eu tinha era quando eu divergia. Não
concordava muito com ele não. Mas não tinha nenhum indício maior de qualquer
coisa irregular da parte dele." Dilma disse que o ex-diretor não cumpria
metas nem prazos, além de "não dar satisfações". "Eu não tinha
uma avaliação muito otimista e favorável do Paulo Roberto Costa, no que se
refere a gestão.
“PROTESTO”
No início do
depoimento, Dilma Rousseff reagiu à proposta do Ministério Público de que ela
fosse ouvida como informante, e não como testemunha. O argumento foi que ela
não poderia ser considerada testemunha por "ter envolvimento nos
fatos", já que era presidente da República na época. O juiz que conduziu o
depoimento negou o pedido, justificando que não há na denúncia o nome da
petista como participante de qualquer ato irregular. Mesmo após a rejeição pelo
juiz, Dilma protestou. Ela levantou o dedo indicador e pediu a palavra.
"Eu acho um absurdo eu ser relacionada com qualquer fato por ser
presidente da República na época. Acho essa afirmação estarrecedora. Eu estou
me defendendo depois dessa acusação implícita." Em outro momento, ela foi
questionada sobre o processo de indicação de diretores da Petrobras e indagada
se havia indicações políticas. "No meu período nós fizemos nomeações
eminentemente técnicas, buscando as melhores pessoas para cumprir as funções. E
que eu me lembre a mesma coisa ocorreu no governo do presidente Lula. Ocorre
que nem sempre as pessoas são aquilo que você pensa que elas são."
Do Bem Paraná, com
informações da Folha Press.
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