Escracho no casamento
de Maria Victória Borghetti Barros, deputada estadual e filha do ministro
da Saúde, foi um protesto contra as reformas do governo Temer, apoiadas pela
família Barros, e uma forma de escancarar a “ostentação” da cerimônia, feita em
uma igreja de escravos e com festa em estrutura considerada ilegal.
Convidados
da festa usaram guarda-chuvas como escudo
de proteção contra ovos arremessados pelos manifestantes
(foto: Giorgia Prates)
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O casamento da
deputada estadual Maria Victória Borghetti Barros (PP) com o advogado Diego da
Silva Campos, na noite desta sexta-feira (14), teve bem mais participantes do
que o planejado pelos noivos. Além dos cerca de mil convidados, centenas de
manifestantes ocuparam a região do Largo da Ordem, Centro de Curitiba. A
concentração foi maior em frente à Igreja do Rosário e ao Palácio Garibaldi,
locais da cerimônia religiosa e da festa, respectivamente.
A
deputada é filha de Ricardo Barros, ministro da Saúde do governo Michel Temer,
e de Cida Borghetti, vice-governadora do Paraná, também do PP.
O
protesto foi contra as reformas trabalhista e previdenciária, ambas apoiadas
pela família Barros. A ação também denuncia a ilegalidade cometida peladeputada Maria Vitória, que instalou uma fachada anexa ao Palácio
Garibaldi, prédio histórico, sem autorização prévia.
A
ação começou por volta das 18h30, com batucada, faixas, como a com a frase
“Deputada do camburão tem casamento ostentação”, “Viemos brindar a sua boa
vida”, e palavras de ordem como “Golpistas”, “Fora Beto Richa” e “Chega de
deboche, eu quero o meu brioche”.
Apesar
do clima agradável e seco desta sexta-feira na capital paranaense, convidados
da festa usaram guarda-chuvas. O objeto serviu de escudo de proteção contra
ovos arremessados pelos manifestantes.
Entre
as organizações mobilizadoras do ato estão as Frentes Brasil Popular, Povo Sem
Medo, Resistência Democrática e o movimento CWB Resiste.
Pelo
menos 15 viaturas da polícia militar e integrantes da Tropa de Choque foram ao
local para garantir a “segurança” da cerimônia e atacaram os manifestantes com
balas de borracha, spray de pimenta e cassetetes. Ao menos uma pessoa ficou
ferida e o protesto, após a intervenção policial, foi dispersado.
Ilegal
A
estrutura montada exclusivamente para a festa do casamento de Maria Victoria,
em frente ao Palácio Garibaldi, foi considerada ilegal pela Coordenação de
Patrimônio Cultural (CPC). Trata-se de uma fachada montada para ampliado para
aumentar a capacidade de público do local, mas que foi armada sem autorização
prévia. Uma multa, de valor ainda não estipulado, será aplicada à Sociedade
Garibaldi, proprietária do edifício.
Maria
Vitória informou e solicitou a autorização da Coordenação de Patrimônio
Cultural (CPC) apenas dez dias após o início da montagem. De acordo com a CPC,
configura-se infração à Lei Estadual nº 1.211, de 16 de setembro de 1953,
segundo a qual “sem prévia autorização da Divisão do Patrimônio Histórico,
Artístico e Cultural do Paraná, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada,
fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar
anúncios ou cartazes”.
O
Palácio Garibaldi teve sua construção concluída em 1904 e foi tombado pelo
Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná em 1988. Maria Vitória envolveu a
estrutura de metal, que não precisarão ser retiradas, embora a multa esteja
mantida. O valor ainda não foi definido.
Revista Fórum
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