Sem
maquiagem, o partido e o pré-candidato apresentam-se apenas como o mesmo lado
da moeda da política tradicional
Podemos é o rebatismo do PTN,
fundado em 1945,
e que teve Jânio Quadros como
seu principal
expoente (foto: Antonio Cruz/Agência
Brasil)
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O novo partido
'Podemos' foi lançado no último sábado (1º) e tem como pré-candidato à
Presidência da República o senador Álvaro Dias. Ambos os fatos apresentam a
ideia da novidade para canalizar votos no processo eleitoral de 2018.
O
nome 'Podemos' está diretamente ligado à campanha vitoriosa de Barack Obama em
2008. O democrata utilizava o slogan “yes, we can”: uma frase curta e de
impacto, representando um sentimento de unidade e potência transformadora. O
novo partido brasileiro, ao incorporar o slogan do ex-presidente dos Estados
Unidos e o nome de um partido espanhol, deixa sua estratégia clara: pretende
repetir a receita que deu certo nos Estados Unidos e, posteriormente, na
Espanha com o partido de nome idêntico.
A
estratégia está clara ao se ler a nota da sigla que apresenta uma proposta de
aproximar a política da população que está cansada de corrupção e do
distanciamento dos partidos tradicionais.Álvaro Dias reforça o discurso da
novidade no lançamento da sigla e diz sobre a pré-candidatura: “quem chega para
construir um partido político não pode chegar postulando. Porém, não tenho o
direito também de se recusar a cumprir missões. Se houver convocações, haverá
candidatura”.
As
novidades acabam aqui: novo nome e pré-candidatura inédita. Analisando a
essência de ambos, verificamos a revelha política em tempos de make up. Podemos
é o rebatismo do PTN, fundado em 1945, e que teve o presidente Jânio Quadros
como seu principal expoente. O partido foi extinto pelo regime militar em 1965
e refundado em 1995, tendo como expressão nacional o ex-prefeito de São Paulo,
Celso Pitta. Desde seu ressurgimento, a sigla é comandada pela família Abreu, o
que afasta qualquer ideia de renovação no comando da agremiação e que possa
representar alguma ruptura com a política tradicional.
E
o senador? Desde a redemocratização, Álvaro Dias já transitou por diversas
agremiações partidárias, como o PMDB, PP, PSDB e PV, e foi eleito senador do
Paraná com mais de 70% dos votos. Hoje, está em um partido pequeno, não é
conhecido nacionalmente, tem concorrentes de colégios eleitorais fortes e traz
consigo um histórico desastroso como governador do Paraná (quando permitiu que
professores fossem massacrados pela polícia militar).
Sem
maquiagem, o partido e o pré-candidato apresentam-se apenas como o mesmo lado
da moeda da política tradicional.
*Eduardo Faria
Silva é advogado do Senge e Coordenador da Pós-graduação de Direito
Constitucional e Democracia da Universidade Positivo
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