segunda-feira, 26 de junho de 2017

Reinaldo culpa direita xucra por morte do PSDB no Datafolha


"Chupa que é de uva, direita xucra", diz Reinaldo Azevedo, ao comentar o resultado trágico do Datafolha para o PSDB, que não passa para o segundo turno nem sem Lula na disputa; "Numa eleição sem Lula, para onde migra seu eleitorado? Acho que o grosso tenderia para Marina Silva e Ciro Gomes. O que vocês querem que eu diga? Segundo turno com Marina e Bolsonaro ou Marina e Ciro? Alguém tem aí, em lugar disso, uma injeção no olho?", questiona
247 – "Chupa que é de uva, direita xucra", diz Reinaldo Azevedo, ao comentar o resultado trágico do Datafolha para o PSDB, que não passa para o segundo turno nem sem Lula na disputa.
Ah, ora vejam! Luiz Inácio Lula da Silva, ninguém menos, lidera, e com folga, todos os cenários da disputa presidencial no primeiro turno em que seu nome aparece. Venceria três opositores em simulações de segundo e empataria com dois. Agora, uma digressão.
Poucas pessoas entenderam a máxima do “Humanitismo”, a filosofia do maluco-beleza Quincas Borba, personagem de Machado de Assis que aparece no romance de mesmo nome, de 1892, e, antes, em 1881, em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. A divisa era esta: “Ao vencedor, as batatas”.
Não há aí nenhuma ironia. O próprio Quincas destrincha o sentido no segundo livro citado. Ele explica:
“O homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”.
A batata, pois, é mesmo o prêmio que recebe o mais apto. O derrotado fica à mercê do outro.
Mas há algo de que o Humanitismo de Quincas Borba não tratou. O que fazer, afinal de contas, com as batatas? Se o vencedor ignora a utilidade do prêmio ou do galardão, é bem possível que o inimigo recupere as suas forças. Assim agiram os grupos antipetistas depois que ganharam as batatas, derrotando os petistas na luta pró-impeachment. Caíram no colo de Rodrigo Janot, Deltan Dallagnol, Carlos Fernando e outros fanáticos da operação que agora chamo “Guilhotina a Jato”.
Neste domingo, a “Folha” publicou números do Datafolha indicando que o PT voltou a ser, disparado, o partido preferido dos brasileiros, ainda que a maioria não aprecie nenhum. Dizem simpatizar com a legenda 18% dos entrevistados. De 1999 a 2015, a agremiação ficou na liderança, empatando, então, com o PSDB, em 11% a 9%. Dois anos depois, os petistas recuperaram parte considerável do seu prestígio — ainda longe dos 29% do auge —, e os tucanos caíram para 5%, junto com o PMDB.
anot, Dallagnol, Carlos Fernando e a direita xucra estão de parabéns! Como sabem, sempre elogiei o que há de bom na Lava Jato. E criticava e critico o que não é. Entre os defeitos, estão a politização excessiva do MPF e a falácia de que todos são igualmente criminosos. No dia 17 de fevereiro, escrevi na Folha: “A degeneração da Lava Jato, com apoio da direita, ressuscita Lula”. E de forma direta: “Se todos são mesmo iguais, então Lula é melhor”.
Nesta segunda, o jornal traz a pesquisa eleitoral realizada entre os dias 21 e 23 deste mês. A depender do cenário, Lula marca 29% ou 30%, o que corresponde sempre ao dobro dos segundos colocados: Marina Silva (Rede) e Jair Bolsonaro (PSC), estão empatados: em dois cenários, ambos têm 15%; em outro, ele aparece com 16%, e ela com 15%; num quarto, a redista fica com 15%, e o candidato do PSC, com 13%.
Se vocês querem o retrato acabado da grande obra de Janot e seus menudos do fanatismo, basta dizer que, nesta simulação, só os nomes dos tucanos Geraldo Alckmin e João Dória são testados. Aécio Neves, que a Guilhotina a Jato fez descer aos infernos, sumiu da lista. Não é mesmo impressionante? Ninguém menos do que Lula, o Grande Babalorixá do partido que comandou o maior assalto aos cofres públicos da história, aparece como favorito. O presidente afastado da maior legenda que se opôs ao PT nem pré-candidato pode ser.
Nas simulações de segundo turno, Lula venceria Alckmin (45% a 32%), Dória (45% a 34%) e Bolsonaro (45% a 32%). Empataria com Marina, em 40%, e com Sérgio Moro (44% para o juiz a 42%). A candidata da Rede venceria Bolsonaro (49% a 27%). Alckmin surge empatado, mas com número maior, no confronto com Ciro Gomes (PDT): 34% a 31%. E o pedetista fica numericamente à frente de Dória: 34% a 32%. Sempre na margem de erro: dois pontos para mais ou para menos.
Mas Lula vai ser candidato? Se Janot, as esquerdas, a extrema direita, parte do tucanato e a Globo forem bem-sucedidos, a resposta é “sim”. Temer cairia agora, e a antecipação de eleições acabaria se impondo, ainda que contra a Constituição. E o petista teria grandes chances de ser eleito. A rua rejeição, que é grande — 46% —, tenderia a diminuir com a campanha. E se o pleito se der em 2018 e ele já tiver sido condenado em segunda instância? Bem, a simulação que atende a essa realidade é de número 8 do Datafolha: Marina aparece com 27%; Bolsonaro, com 18%; João Dória, com 14%; Ciro Gomes, com 12%. Não se testou o nome de Alckmin nessa formulação.
Numa eleição sem Lula, para onde migra seu eleitorado? Acho que o grosso tenderia para Marina Silva e Ciro Gomes. O que vocês querem que eu diga? Segundo turno com Marina e Bolsonaro ou Marina e Ciro? Alguém tem aí, em lugar disso, uma injeção no olho?
Sim, meus caros, é muito cedo. Mas já dá para ver o que os desmandos da Guilhotina a Jato estão a fazer com o país. Antevi isso antes de todo mundo. Paguei caro por isso. Mas jamais me arrependi. Não posso me arrepender de ter razão, não é mesmo?
Par constar: a inclusão dos nomes de Joaquim Barbosa e Sérgio Moro entre os candidatos desperta algum interesse para a gente saber como a população os vê, mas não faz o menor sentido do ponto de vista prático. Eles não serão candidatos.
Brasil 247


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