Primeiro nome do PMDB a trair a presidente legítima Dilma
Rousseff, o ex-ministro Henrique Eduardo Alves, um dos principais aliados de
Michel Temer, é o alvo de hoje de mais um desdobramento da operação Lava Jato;
a Polícia Federal prendeu o peemedebista por indícios de corrupção; batizada de
Manus, a operação investiga corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro na
construção da Arena das Dunas, estádio da Copa do Mundo em Natal, no Rio Grande
do Norte; sobrepreço identificado chega a R$ 77 milhões
(Reuters) - A Polícia
Federal prendeu na manhã desta terça-feira o ex-ministro do Turismo e
ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB) em operação
deflagrada para investigar desvios de 77 milhões de reais na construção do
estádio de Natal para a Copa do Mundo de 2014.
A
investigação, desdobramento da operação Lava Jato, descobriu suspeita de
solicitação e o efetivo recebimento de vantagens indevidas por dois
ex-parlamentares cujas atuações políticas favoreceriam duas grandes
construtoras envolvidas na construção do estádio, de acordo com comunicado da
PF, que não identificou os suspeitos.
Uma
fonte da Polícia Federal disse à Reuters que um dos alvos é Henrique Eduardo
Alves, que já foi preso nesta manhã, e o outro é o também ex-presidente da
Câmara Eduardo Cunha (PMDB), que já está preso pela Lava Jato mas é alvo de
novo mandado de prisão.
A PF
informou em nota oficial que cumpre no total cinco mandados de prisão
preventiva, seis mandados de condução coercitiva e 22 mandados de busca e
apreensão nos estados do Rio Grande do Norte e Paraná como parte da operação.
"A
partir das delações premiadas em inquéritos que tramitam no STF (Supremo
Tribunal Federal), e por meio de afastamento de sigilos fiscal, bancário e telefônico
dos envolvidos, foram identificados diversos valores recebidos como doação
eleitoral oficial, entre os anos de 2012 e 2014, que na verdade consistiram em
pagamento de propina", disse a Polícia Federal, acrescentando que os
investigados responderão pelos crimes de corrupção ativa e passiva, além de
lavagem de dinheiro.
Henrique
Eduardo Alves, que era aliado próximo ao presidente Michel Temer, foi ministro
do Turismo da ex-presidente Dilma Rousseff e voltou a ocupar o cargo no governo
Temer, mas pediu demissão do posto em meio à citação de seu nome por um delator
da Lava Jato.
Ao lado
de Cunha, ele se tornou réu na Justiça Federal do Distrito Federal em outubro
do ano passado por suspeitas de irregularidades envolvendo a Caixa Econômica
Federal. Recentemente, Henrique Eduardo Alves voltou a ter seu nome citado na
delação de executivos da JBS.
A
operação desta terça-feira, deflagrada pela PF em conjunto com o Ministério
Público Federal e a Receita Federal, recebeu o nome Manus, em referência,
segundo a PF, a provérbio latino "Manus Manum Fricat, Et Manus Manus
Lavat", que significa "uma mão esfrega a outra, uma mão lava a
outra".
No mês
passado, a Polícia Federal prendeu dois ex-governadores do Distrito Federal e
um ex-vice-governador que era assessor especial de Temer em operação para
investigar suspeita de desvio de recursos das obras do Estádio Nacional Mané
Garrincha, em Brasília, para a Copa do Mundo, com superfaturamento de até 900
milhões de reais.
Os dois
estádios estão entre sete arenas do Mundial sob suspeita de irregularidades com
base em delações de executivos de empreiteiras investigadas na operação Lava
Jato. Além deles, também são investigadas as obras na Arena Corinthians, em São
Paulo; na Arena Pernambuco, em Recife; na Arena Castelão, em Fortaleza; na
Arena Amazônia, em Manaus; e no Maracanã, no Rio de Janeiro.
(Por
Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro, e Lisandra Paraguassu, em Brasília)
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