Pesquisa do Ibope divulgada nesta segunda-feira, 12, pelo
jornalista José Roberto de Toledo mostra que para 56% dos brasileiros aptos a
votar, as mídias sociais terão algum grau de influência na escolha de seu candidato
presidencial na próxima eleição; para 36%, as redes terão muita influência;
"Quem pensa comunicação política tem de deixar de ter como prioridade
o roliudiano dos
marqueteiros e refletir sobre o que a internet pede: produção de conteúdo –
tarefa dos blogs -, sua disseminação (Facebook e outras redes) e fixação de
conceitos. Internet é uma batalha sem tréguas, onde perder um dia pode
ser perder o bonde", diz o jornalista Fernando Brito, do Tijolaço
Por Fernando Brito, do Tijolaço
José Roberto de
Toledo, no Estadão,
traz dados sobre uma pesquisa do Ibope sobre a influência das diversas mídias
na formação da decisão de voto nas eleições de 2018.
Que
confirmam a percepção que a grande maioria das pessoas mais bem informadas já
percebeu: a internet e as redes sociais serão o meio privilegiado de
convencimento do eleitor.
Elas
superam, pela primeira vez em pesquisas deste tipo, a mídia convencional –
embora a mídia convencional também esteja presente nas redes.
Não é
um fenômeno brasileiro, embora aqui tenha outros significados, por conta do
oligopólio da imprensa tradicional.
Há dois
dias, a Folha publicou interessante reportagem sobre o site The
Canary, de esquerda, que jogou um papel importantíssimo nas
eleições britânicas.
“O
projeto bateu asas, decolou e é hoje um veículo consolidado no Reino Unido, com
13 milhões de acessos únicos em maio passado. (…) Pesquisa encomendada pelo
jornal “The Guardian” mostrou que as notícias relacionadas à votação mais
compartilhadas no Facebook vieram desses sites, e não dos diários de jornalismo
profissional.”
Aqui, a
esquerda “apanha” feio nas redes diante dos sites de direita ou extrema
direita. Não apenas porque, não raro, estes contam com financiamento quanto,
sobretudo, porque a concisão que a mensagem moralista e destrutiva permite é
amplamente vantajosa diante da argumentação racional com que se tenta
combatê-la.
Ainda
assim, há espaço e até blogs sem qualquer estrutura profissional, tocados
apenas por uma pessoa têm números que não envergonham diante do que a Folha
chamou de “fenômeno” inglês. Este modestíssimo blog, que está longe de ser dos
mais expressivos, teve, no mesmo mês de maio, 3,6 milhões de acessos únicos e
sete milhões, no total de visitas.
A
conversa pra boi dormir de que os blogs progressistas só existiam por conta da
publicidade dos governos petistas não resiste à prova de que, sem eles e com a
completa discriminação publicitária do atual (e das agências de publicidade,
nenhuma delas querendo meter-se com quem a grande imprensa chama de “sujos”)
eles sobrevivem com as plataformas internacionais de mídia, que pagam (mal)
pelos acessos e cliques.
O The
Canary mostra que é possível: “A maior diferença é que
nós não somos financiados por milionários”, diz [Kerry-Anne] Mendoza
[integrante
do site] à Folha. O The Canary se
sustenta com anúncios e o apoio de leitores, que podem doar R$ 16 mensais.”
Há
outra lição que os números do Ibope trazidos por Toledo nos dá. A natureza das
redes é plebiscitária – polegar para cima ou para baixo – e, frequentemente
passional, o que não quer dizer o mesmo que descambar para a selvageria.
Quem
pensa comunicação política tem de deixar de ter como prioridade o roliudiano dos
marqueteiros e refletir sobre o que a internet pede: produção de conteúdo –
tarefa dos blogs -, sua disseminação (Facebook e outras redes) e fixação de
conceitos.
Longos
textos e longos vídeos estão longe de bastar.
Idem os
“sites de campanha”.
É claro
que a vida real – embora a vida real esteja cada vez mais virtual – é o cenário
da disputa pelo voto, mas o mundo das redes também passou a ser um ambiente
onde as pessoas, especialmente as mais jovens, estão cada vez mais tempo
imersas.
Internet
é uma batalha sem tréguas, onde perder um dia pode ser perder o bonde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário