Atual presidente do Conselho de Administração da empreiteira,
Emílio Odebrecht foi ouvido novamente nesta segunda-feira 12 pela Justiça
Federal no Paraná a pedido da defesa do ex-presidente Lula; testemunha de
acusação em um dos processos a que o petista responde na Lava Jato, o
empresário disse que não se envolveu nos oito contratos firmados entre a
empreiteira e a Petrobras, que são citados na ação penal, e disse não saber se
tais contratos estavam condicionados à aquisição de um imóvel para o Instituto
Lula; sobre uma conversa que teve com o ex-presidente FHC para discutir o
projeto Gás Brasil, ele confirmou ser comum debater assuntos relacionados a
óleo e gás com presidentes da República
Daniel Isaia - Repórter da
Agência Brasil
O
ex-presidente executivo e atual presidente do Conselho de Administração da
empreiteira Odebrecht, Emílio Odebrecht, foi ouvido novamente hoje (12) pela
Justiça Federal no Paraná a pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva. O empresário é testemunha de acusação em um dos processos a que Lula
responde no âmbito da Operação Lava Jato.
A
sessão ocorreu por meio de videoconferência e durou pouco mais de seis minutos.
Apenas Cristiano Zanin Martins, advogado do ex-presidente, fez perguntas a
Emílio Odebrecht.
O
empresário disse que não se envolveu nos oito contratos firmados entre a
empreiteira e a Petrobras, que são citados na ação penal. Ele também disse não
saber se tais contratos estavam condicionados à aquisição de um imóvel para o
Instituto Lula.
Cristiano
Martins, então, lembrou que Emílio Odebrecht afirmara, em depoimento anterior,
ter se encontrado com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para discutir o
projeto Gás Brasil, que também incluía a Bolívia. O advogado perguntou ao
empresário se era comum que ele debatesse assuntos relacionados a óleo e gás
com presidentes da República. "Sem dúvida nenhuma", respondeu.
Emílio
Odebrecht também disse que conhece Gilberto Carvalho, que foi titular da
Secretaria-Geral da Presidência da República no governo Lula, e negou ter
conhecimento se o Grupo Odebrecht contratou o escritório Baker Mckenzie para
buscar um acordo de leniência com autoridades estrangeiras.
O
empresário voltou a ser ouvido nessa ação penal em razão de um recurso
impetrado pelos advogados de Lula. Eles alegaram que o Ministério Público
Federal (MPF) incluiu documentos ao processo sem tempo hábil para serem
verificados antes da oitiva do empresário.
O
argumento foi acolhido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).
Leia
mais no texto de Fernando Brito, editor do Tijolaço:
Dono
da Odebrecht, Emílio diz que não teve negócios com Lula
Nas centenas de
textos que a imprensa publicou sobre os documentos da Odebrecht, Lula é
referido do o “o amigo do seu pai”, numa referência ao relacionamento entre
Emílio, dono da empreiteira que leva seu nome pai de seu presidente, Marcelo,
com Lula.
Aliás, Marcelo
Odebrecht diz que tinha um mau relacionamento com o ex-presidente: “O Lula
nunca gostou de mim. Quem sempre tratou de tudo com ele foram o meu pai e o
Alexandrino (Alencar, diretor de relações institucionais)”disse ele num
depoimento à Procuradoria Geral da República.
Portanto, nada
mais natural, se houvesse pedidos de Lula, estes fossem feitos a Emilio
Odebrecht ou dele fosse de conhecimento.
Hoje, na sua
reinquirição de Sérgio Moro ao patriarca da empreiteira, Emílio, na desccrição
insuspeita de O Globo,
“negou envolvimento em contratos firmados entre a Petrobras e Odebrecht que
teriam sido celebrados em troca de uma futura compra de um terreno para o
Instituto Lula”.
O advogado de
Lula, Cristiano Zanin Martins, também perguntou se Emílio manteve reuniões com
outros ex-presidentes da República que antecederam Lula no cargo. O empresário
confirmou:
—
Desde a minha entrada na organização, praticamente todos ex-presidentes.
Discutia várias coisas de interesse nacional, aquilo que era importante para o
Brasil continuar crescendo – disse Emílio (…)
A outra pessoa que
Marcelo Odebrecht disse ter relacionamento com Lula, Alexandrino Alencar, no
seu depoimento, dias atrás, também negou ter tratado com o ex-presidente do tal
terreno para o Instituto mas, ao contrário, havia recebido a incumbência do
próprio Marcelo, que também o informou que o valor seria apropriado de uma
suposta conta “Italiano”.
É de supor que, se
Lula fosse pedir um terreno, o pediria àqueles com quem tinha relacionamento
mais próximo. E ambos dizem que não pediu nada a eles e, muito menos, que fosse
posto na conta de isso ou aquilo.
Como diz o
ex-delegado federal Armando Coelho Neto, Lula está sendo processado pelo crime
do “IA”: Ia receber, ia ganhar, ia se apropriar. Se é que ia, não foi.
Não foi, mas vai
ser condenado por Sérgio Moro, Se não pelo triplex, pelo sítio; se não pelo
sítio, pelo prédio; se não pelo prédio, pelos caixotes.
Mas certamente por
ser o favorito nas eleições de 2018, como convém a processos que só tem de
sólido o interesse político.
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