Para o Brasil se
livrar de Michel Temer, presidente ilegítimo que causa vergonha dentro e fora
do país, os 513 deputados federais terão que autorizar o prosseguimento da
denúncia de corrupção passiva oferecida pela Procuradoria Geral da República.
Ao
menos 342 terão que ouvir as vozes das ruas, dizer sim à continuidade do processo.
Será
fácil e animada a votação como foi a que autorizou o processo de impeachment da
presidenta eleita, Dilma Rousseff?
Os
deputados farão questão de discursar na hora do voto embalados na bandeira do
Brasil?
Será
que lotarão o plenário com parentes pra lhes dedicar o voto favorável? Muitos
levaram a sogra e teve um que até queria colocar o filho pra votar.
A
sessão que autorizou a montagem do cadafalso de Dilma foi a mais longa da
história, durou 9 horas e 47 minutos, das quais 6 horas foram ocupadas com a
votação.
Houve
mais de 40 debates e das 249 inscrições à falas, 170 a favor do impeachment e
79, contra. Só 60 deputados abriram mão de usar o microfone pra acelerar a
votação.
Até o
resultado final, 367 votos favoráveis e 137 contrários, o Brasil assistiu um
espetáculo dantesco de hipocrisia.
Mais da
metade dos parlamentares que votaram a favor do golpe com vestimenta jurídica,
tinha pendências na justiça e mais de vinte eram investigados na Lava Jato.
Alguns
se tornaram réus após a votação ou tiveram parentes presos, como o filho que
citou a honestidade pai e esposa que homenageou o marido.
A
moralidade e o combate à corrupção deram a tônica aos discursos na hora do
voto.
Foi uma
palhaçada nunca antes vista na história.
“Pelo
povo que foi às ruas de verde e amarelo, pelo Brasil livre do PT, pelo Paraná,
pela república de Curitiba”, disse o tucano Paulo Martins.
A
deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO) votou em nome de sentimentos que nunca
estiveram tão em falta no país desde a redemocratização: pela dignidade,
autoestima, pelos sonhos.
“Contra a corrupção, venha ela de onde vier!”, disse o
deputado Expedito Netto (PSD-RO).
A expectativa é
grande para ver como os deputados mais entusiasmados no processo de impeachment
de Dilma vão se comportar contra Temer.
É maior
ainda sobre os que irão se ausentar ou se abster de votar. Contra Dilma, só 7
não disseram nem sim, nem não e só dois arrumaram desculpas para faltar.
Se o
caos acentua o falso moralismo, preparam-se para fortes emoções.
O
processo contra Temer só segue ao STF se 2/3 dos deputados corresponderem ao
apelo das ruas, com ou sem máscaras.
Parece
fácil, afinal, o país vai de mal a pior e o governo que se formou com um golpe
só tem uma agenda: defender-se de denúncias por corrupção.
Por Luciana Oliveira -
jornalista de Porto Velho, Rondônia, e membro da Comissão Nacional de Blogueiros
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