Estado
conta com 855 microgeradores ligados à rede da Copel. Em 2015, eram apenas 100
pontos, uma alta de 755%
Paineis fotovoltáicos
instalados em 2011 na UTFPR.
(foto: Franklin de Freitas)
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A geração de
energia solar começa a dar indicativos de que deve, num futuro não tão
distante, assumir um papel importante no Paraná. Desde outubro de 2013, quando
a Companhia Paranaense de Energia (Copel) conectou o primeiro microgerador
solar ao seu sistema, o número de ligações tem crescido exponencialmente, em especial
nos dois últimos anos.
Segundo a Copel, em novembro de 2015 eram
100 os geradores solares ligados à rede de energia no Paraná. Um ano e meio
depois, esse número registrou um salto de 755%, chegando a 855. Assim, o Estado
e a Copel ficam em terceiro lugar no número de microgeradores conectados ao
sistema de energia elétrica, atrás apenas do grupo paulista CPFL e da mineira
Cemig.
“No Brasil existe um total de 11.635 microgeradores. Então, hoje temos pouco
mais de 7% dos microgeradores de todo o País”, afirma Júlio Omori,
superintendente de projetos especiais da Copel. “Isso é interessante,
especialmente considerando a questão do ICMS, que muitos estados já oferecem
isenção, mas o Paraná ainda não. São Paulo já aderiu, Minas Gerais também e
eles estão na frente do Paraná. Mas muitos que aderiram estão atrás da gente.
Se tivéssemos adesão (à isenção do imposto), poderíamos ter um número maior.”
Dois fatores explicariam esse “boom” da energia solar. O principal deles,
segundo André Zeni, gerente de atendimento de abesantes de geração distribuída
da Copel Distribuição, é a alta no preço da energia registrado nos últimos
anos. “Isso incentivou a população a empreender e buscar soluções alternativas,
já que esse investimento, que era de longo-prazo, passou a ser de médio-prazo”,
aponta Zeni. O outro motivo seria a evolução tecnológica. “Hoje temos mais
fabricantes e, com essa disseminação da tecnologia, temos um aumento nesse tipo
de instalação nas residências do Paraná”, complementa.
O potencial paranaense, porém é muito maior do que os números atuais podem
indicar (e também do que muita gente pode imaginar). Uma pesquisa feita por
Gerson Tiepolo, professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)
e especialista em energia solar, revela que o potencial médio do Paraná é 58,7%
superior à da Alemanha, segunda maior produtora de energia solar do mundo,
atrás apenas do Japão.
Mesmo Curitiba, considerada uma das cidades mais frias do país, com céu nublado
e muita chuva ao longo dos meses, possui um potencial enorme, 48% superior ao
do país europeu. Por outro lado, o Litoral, ao contrário do que se pode
imaginar, não é tão atrativo para esse tipo de atividade. “Os lugares com menor
índice de irradiação são justamente no Litoral, próximo da Serra do Mar, porque
temos um índice de nebulosidade bastante elevado ao longo do ano”, explica
Tiepolo.
Investimento vale
a pena
Embora a primeira conexão de um projeto de geração solar de pequeno porte à
rede da Copel tenha acontecido apenas em 2013, desde 2011 a Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) desponta como pioneira quando o assunto é
eficiência e sustentabilidade. É que no dia 15 de dezembro daquele ano foi
inaugurado o Escritório Verde, projetado pelo professor Eloy F. Casagrande Jr.
em parceria com mais de 60 empresas.
Segundo o próprio Eloy, que é professor do departamento de Construção Civil e
coordenador do escritório, a iniciativa demonstrou desde sua criação que a
instalação de painéis fotovoltaicos, telhados verdes e sistemas de coleta de
água de chuva, entre outros, se provaram ser muito mais um bom investimento com
retorno em médio e longo prazo do que um mero gasto.
“(O projeto) Baseia-se principalmente no princípio da arquitetura bioclimática.
Todas as medidas que temos aqui no escritório e estamos avaliando há cinco
anos, entre eles a geração de energia fotovoltaica, vem mostrando ganhos. Os
investimentos se pagam em alguns anos e depois dão lucro. Então não são gastos,
são investimentos”, aponta o especialista, que é pós-doutor na área de inovação
e sustentabilidade.
Segundo ele, desde a criação do escritório grande parte dos profissionais têm
mudado a forma de olhar para essa questão, e não apenas por uma consciência
ambiental, mas também por uma questão econômica. “Temos registrado uma média
semanal de pelo menos 20 visitas, entre profissionais, professores, estudantes,
grupos e empreendedores interessados no novo mercado. Com a crise apertando,
até tivemos um aumento na procura, porque tem mais gente buscando alternativas
para economizar”, explica.
No futuro pode representar uma Itaipu
Citando estimativas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Júlio
Omori, superintendente de projetos especiais da Copel, aponta que a
microgeração de energia solar poderá, até 2024, oferecer uma capacidade de
geração próxima a de uma Itaipu, com capacidade de geração de 14 mil megawatts
ou pelo menos uma Tucuruí, usina hidrelétrica localizada em Belém (PA) com
capacidade de 8,4 mil MW.
“A Aneel prevê que até 2024 teremos 617 mil microgeradores em todo o país, com
potencial de chegar a 1,23 milhão se tiver isenção do ICMS e normas adequadas
para o setor”, diz o especialista. “Hoje, com 11 mil unidades, produzimos 130
MW. Então imagine isso multiplicado por 100. Seria algo próximo de uma Itaipu ou
uma Tucuruí, que é um número bem expressivo, uma contribuição importante e
sustentável para o negócio”, diz.
Banco — O Banco do Brasil anunciou nesta semana que investirá R$ 1 bilhão no
Paraná para o financiamento e instalação de usinas geradoras de energias
renováveis pelos produtores rurais do Estado. A iniciativa, que faz parte do
Programa Agro Energia.
Fonte: Bem Paraná
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