Na exata sequência do roteiro da Operação Mãos
Limpas italiana, o comunicador Luciano Huck se apresenta como a “nova geração
que quer chegar ao poder”. Liquidada a política e os políticos quem se
apresenta para gerir o Estado?
Aquele que é conhecido do público através dos
meios de comunicação? Mas quem?
Ora, os
comunicadores, quem mais poderia ser.
Assim,
entrega-se o Estado no seu ápice a homens de circo que se apresentam como NÃO
POLITICOS, embora seja uma pureza apenas de embalagem. Berlusconi quando tomou
de assalto o poder na Itália já estava profundamente envolvido com esse Poder
nos seus aspectos mais escuros e sombrios, ninguém tem extensas concessões de
emissoras de TV em um país burocrático, como a Italia, sem estar entrelaçado
com o Poder.
Já Huck
respira política em casa há décadas. Seu padrasto é Andrea Calabi, um dos
grã-tucanos de alta plumagem, foi presidente do Banco do Brasil e do BNDES no
governo FHC e Secretário da Fazenda do Estado de São Paulo no governo de
Geraldo Alckmin.
Não é,
portanto, alguém alheio à política mas, como esperto que é, se apresenta como
pairando acima da política, a mesma que brindou seu padrasto com altíssimos
cargos.
A aparição de
comunicadores é algo absolutamente natural no vácuo da política verdadeira. São
genéricos de políticos, alpinistas escaladores e o grande problema que
apresentam, contrariamente aos políticos tradicionais, é que NADA SE SABE SOBRE
ELES COMO POLITICOS.
Os políticos
antigos têm sua vida devassada, sabe-se exatamente quem são, não é segredo para
o público. Já o aventureiro-paraquedista é uma caixa preta lacrada. Opera
com uma “capa” de personagem ficcional criado nos meios de comunicação mas
ninguém sabe exatamente quem são, o que pensam, qual a agenda têm para o País.
Como não tem vida pregressa ninguém sabe os podres ou as deficiências, porisso
são considerados “virgens” da política, quem não tem “ficha”, não tem passado.
O grande público é então iludido pelo “cara limpa”, como nunca esteve perto do
cofre, nunca roubou mas por outro lado ninguém sabe quanto roubará se tiver a
chave da casa forte, esse é o dito “novo” em política.
Esses
personagens do “reality show”, podem ser idiotas completos ou até bem
intencionados incompetentes, mas sempre serão um baú de surpresas no momento da
sua entrada em cena política, uma roleta russa para um País gigante no auge da
crise institucional e econômica, uma aventura perigosíssima no meio de uma
tempestade, um timoneiro sem prática e não testado quando mais se precisa de
experiência e saber, capacidade de comando e caráter.
Treinado no
palco o comunicador dará o circo, mas e o pão, ou seja, o governo real?
O País
depende de um grande líder e não de um ator de mentirinha.
Cuidar com
relativo sucesso de um grande País não é tarefa de curiosos, o atributo maior é
a liderança, a capacidade de fazer convergir vontades e esforços para um alvo
comum e este atributo depende de múltiplos fatores, não é um caso de marketing,
o marketing é só a embalagem, não é o conteúdo.
Por André Araújo no GGN
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