A abertura do sigilo das investigações da Lava
Jato tem o efeito bombástico de implodir o sistema político. Num sistema
derrocado, nada fica em pé, nem mesmo a candidatura Lula (Veja o artigo).
Esta medida extremada não parece ser o desfecho
original idealizado para a Lava Jato, mas pode significar a alternativa
restante para evitar o retorno do Lula à presidência do Brasil.
É cada vez
mais claro que Lula e o PT sempre foram os alvos estratégicos da Lava Jato. Os
estrategistas da Operação apostavam que o golpe causaria a derrocada do PT e a
destruição simbólica do ex-presidente Lula no imaginário popular. Não foi,
porém, o que aconteceu.
Com o
aprofundamento do golpe, Lula se consolidou como o único personagem, de dentro
do sistema político, com viabilidade eleitoral e, sobretudo, com autoridade
moral e política para pacificar o país e comandar a reconstrução
econômico-social e a restauração democrática do Brasil.
Afora Lula,
só restam opções por fora do sistema político tradicional; restam os outsiders,
os aventureiros, os demagogos populistas; um Sílvio Berlusconi da Lava Jato –
alguém, por exemplo, como o prefeito paulistano João Dória.
A abrangência
e o caráter sistêmico da corrupção que abastece o sistema político exige uma
reforma política radical, que tenha como pontos de partida [1] o fim do
financiamento empresarial da política, das eleições e dos partidos e [2] a
eliminação da esquizofrenia em que um presidente eleito com 60% dos votos tenha
menos de 15% de representação no Congresso e seja obrigado, assim, a formar
governos de coalizão sem identidade programática.
A
força-tarefa da Lava Jato, todavia, descarta a reforma política necessária,
porque entende que o sistema deve ser totalmente implodido para dar lugar ao
nascimento de novas estruturas, de novas instituições e de políticos puros,
limpos, honestos e probos como eles, os juízes, procuradores, os "gestores",
os "não-políticos", os pregadores, os "joãos trabalhadores"
...
A divulgação
da vasta corrupção dos partidos do bloco golpista, em especial do PMDB, PP e
PSDB, causa a falsa aparência de imparcialidade da Lava Jato, porque finalmente
teria deixado de ser seletiva nos vazamentos e nas denúncias. Esta falsa
aparência é requintada com a citação de todos ex-presidentes da República.
Mas na
realidade, é apenas um simulacro de justiça e isenção; é uma falácia para
seduzir o senso comum e, ao mesmo tempo, servir de álibi para o arbítrio
preparado contra o ex-presidente Lula.
Os expoentes
políticos da direita, numerosos, foram todos protegidos com o foro privilegiado
e, por isso, dificilmente serão julgados antes de 2022. Os principais
candidatos golpistas à eleição presidencial [Alckmin, Aécio e Serra], que já
exibiam desempenho ridículo nas pesquisas, ficaram definitivamente
inviabilizados com a revelação da roubalheira em que estão envolvidos, mas
ainda assim protegidos com o foro privilegiado e uma investigação lenta.
Por outro
lado, os ex-ministros dos governos petistas, e, notavelmente, o ex-presidente
Lula – a jóia da coroa da Operação – serão julgados ainda em 2017 com
celeridade e arbítrio por um juiz faccioso, dominado por sentimentos odiosos e
fascistas.
O
derrocamento do sistema político pode representar a estratégia da força-tarefa
para impedir o regresso do Lula à presidência do Brasil, ao preço do
estilhaçamento do país no precipício. Por Jeferson Miola.
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