Ministro foi arrolado como testemunha de defesa do petista, na Lava Jato. Sérgio Moro afirmou que defesa tenta fazer propaganda política
O ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, afirmou em depoimento à Justiça Federal que não presenciou nada
ilícito no governo do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT).
Henrique Meirelles foi ouvido
por videoconferência com o gabinete do Ministro da Fazenda, em Brasília (DF), na manhã desta sexta-feira (10),
em audiência sob o comando do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da
Operação Lava Jato na primeira instância.
"A minha relação com o presidente Lula era
totalmente focada em assuntos relativos ao Banco Central e à política econômica
e, nesta interação, eu nunca vi ou presenciei nada que pudesse ser identificado
como algo ilícito ou ilegal", afirmou o ministro para o advogado do ex-presidente.
O ministro foi arrolado como testemunha de defesa
pelos advogados de Lula, réu nesta ação penal. Henrique Meirelles foi presidente do Banco Central de
2003 a 2011, ou seja, durante os dois mandados do ex-presidente.
'Propaganda política'
Meirelles reconheceu que houve progressos no Brasil durante o mandato de Lula,
como a estabilização da inflação. Logo em seguida, quando a defesa do
ex-presidente perguntou ao ministro se ele achava que esse governo tinha
trazido benefícios ao país – e não buscado benefícios para governantes e
pessoas do alto escalão – Moro fez uma interrupção.O ex-ministro do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior Luiz Fernando Furlan também foi ouvido na condição de testemunha de defesa de Lula.
Neste processo, Lula é acusado de receber um apartamento triplex, em Guarujá (SP), como suposto pagamento de propina por parte da empreiteira OAS. O ex-presidente responde pelos crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro.
O juiz federal optou pelo indeferimento da pergunta.
"Não é uma pergunta apropriada, perguntando a opinião da testemunha. Ele
responde apenas fatos", alertou. O advogado Cristiano Zanin Martins
criticou "esse critério", o que foi logo rebatido por Moro. "A
impressão é a de que a defesa tenta fazer propaganda política do governo
anterior", acrescentou.
O depoimento de Meirelles terminou na sequência,
quando ele respondeu que não teve conhecimento de algum elemento concreto que
indicasse a existência de uma estrutura criminosa de poder, comandada por Lula.
Henrique Meirelles relatou
que, ao aceitar o convite do ex-presidente para assumir a presidência do Banco
Central, disse a Lula que aceitaria se tivesse "dependência de ação"
– como explicou na oitiva. O ministro afirmou que esse acordo foi cumprido por
Lula.
Ainda durante a oitiva, Meirelles negou interações
com parlamentares para defender interesses políticos do governo em geral ou da
área em que atuava.
"Minhas presenças no Congresso diziam
respeito, exclusivamente, a assuntos do Banco Central. Para ser mais
específico, pode ter havido momentos em que algum parlamentar possa ter pedido
alguma audiência ao Banco Central para mencionar alguma situação específica,
alguma coisa que interessasse ao Banco Central", afirmou.
Luiz Fernando Furlan
Ele afirmou que participou de missões empresariais
no exterior acompanhando o ex-presidente e que nunca verificou qualquer
irregularidade nestes eventos. Segundo Furlan, o objetivo era promover o Brasil
em mercados internacionais e atrair investimentos.
Furlan disse ter participado de 126 missões, sendo
12 ou 15 acompanhando do ex-presidente Lula.
Processo
A denúncia do Ministério Público Federal (MPF)
abrange três contratos da OAS com
a Petrobras e
diz que R$ 3,7 milhões em propinas foram pagas a Lula.
Segundo os procuradores, a propina se deu por meio
da reserva e reforma de um apartamento triplex em Guarujá e do custeio do armazenamento dos bens
do ex-presidente da República.
Fonte: G1
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