terça-feira, 28 de março de 2017

Gaeco investiga suspeita de fraude em contrato da Prefeitura de Maringá

Empresa, contratada em 2012 para digitalizar e armazenar documentos, é suspeita de cobrar valores incompatíveis com serviços executados.
Operação investiga suposto desvio de dinheiro
público nas administrações de Silvio Barros II
 e Carlos Roberto Pupin
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MP-PR), investiga a suspeita de fraude em um contrato da Prefeitura de Maringá para a digitalização de documentos. Barracões do município, onde ficam documentos da administração, foram alvo da operação nesta segunda-feira (27).
O local armazena papéis que registram toda a movimentação de materiais e de recursos do município. O arquivo é gerenciado pela empresa Sinax, desde 2012.
O MP-PR apura indícios de irregularidades na cobrança dos serviços. O armazenamento de cada caixa de documentos custa para a prefeitura R$ 0,93 por mês.
Mas, segundo o Gaeco, o município estaria pagando bem mais do que deveria. No local existem cerca de 70 mil caixas, mas notas fiscais mostram que, no último trimestre de 2016, a empresa teria cobrado pelo armazenamento de 190 mil caixas.
O promotor Leonardo Vilhena declarou que há suspeita de mais de uma fraude, com cobrança maior ao serviço efetivamente executado. “Um superfaturamento na execução do contrato”, afirma.
Um acompanhamento feito por técnicos da Secretaria de Patrimônio aponta uma das supostas irregularidades. De acordo com o secretário da pasta, Paulo Sérgio Carstens, de 1º de dezembro a 19 de dezembro de 2016, a Sinax cobrou em torno de 322 mil digitalizações de documentos. “Era impossível, nesse período, eles realizarem tantas digitalizações. Isso nunca aconteceu”, declarou.
Ainda conforme Carstens, no próprio relatório encaminhado pela empresa à secretaria consta a realização de apenas 15 mil digitalizações no período.
O funcionário que era encarregado de fiscalizar a prestação do serviço e a cobrança diz que começou a desconfiar das irregularidades e foi impedido de continuar o trabalho. Ele foi entrevistado pela RPC Maringá, mas preferiu preservar a identidade.
O servidor trabalha há 20 anos no setor e contou que desconfiou dos valores em notas fiscais, que não eram compatíveis com o serviço executado, “Eu cheguei a procurar o diretor da Semat (Secretaria de Recursos Materiais, Abastecimento e Logística) na época, pra informar ele sobre isso e eu fui simplesmente impedido por ele de continuar esse tipo de fiscalização”, relatou.
De acordo com o funcionária, ele era impedido de participar de reuniões para conferir valores e serviços a serem executados. Ele também achou exagerado o valor cobrado pra fazer o transporte de documentos do arquivo até o prédio da prefeitura. Para ele o preço não era compatível com o serviço de moto-táxi. “Se fosse um frete normal, R$ 95. Se precisasse de um documento urgente, era pago R$ 165 para cada viagem que era feita”, declarou.
De acordo com o edital, a empresa contratada ficaria encarregada de digitalizar toda a documentação da administração municipal de Maringá e também de armazenar todos esses documentos, mas num espaço que ficasse fora das instalações da prefeitura.
O problema é que, desde que começou a prestar esse serviço, a empresa se instalou em um barracão que pertence ao município.
O secretário de Patrimônio afirma que a empresa precisaria fazer a digitalização e realizar a guarda da documentação em um ambiente externo. “Eles vieram, em 2013, para dentro de um órgão da prefeitura municipal e continuaram cobrando para armazenar documentos aqui dentro. O que é uma aberração”, concluiu.

Presos

Durante a operação, nesta segunda, dois homens foram presos porque os policiais do Gaeco encontraram armas não registradas na casa deles. Os dois pagaram fiança e foram liberados.

O outro lado

Em nota, o ex-prefeito de Maringá Roberto Pupin afirmou nunca ter sido informado de suspeitas de ato ilícito na execução do referido contrato, e que está aguardando as conclusões do MP-PR, pois tem interesse que tudo seja esclarecido e que fique comprovado que não existem irregularidades.
A RPC Maringá procurou também o ex-secretário da então Secretaria de Recursos Materiais, Abastecimento e Logística, Gilton Domingues Bonô. mas não conseguiu contato.
Em nota, a empresa Sinax, contratada para fazer a digitalização dos documentos, explica que ainda não tem informações completas sobre o teor da denúncia para prestar maiores esclarecimentos, porque não foi notificada pelo MP-PR e teve seu acesso aos autos negado na última semana.
Ainda segundo a nota da empresa, na contratação e execução de todos os seus contratos, a Sinax é pautada pela ética e transparência e é rigorosa no respeito às práticas de boa governança e responsabilidade empresarial.
A Sinax diz também que está à disposição para prestar os esclarecimentos necessários.
 Fonte: G1 Paraná

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