segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

RÉQUIEM PARA A “GAZETA DO POVO”

Por Valdir José Cruz – via blog do Cícero Cattani

O último grande jornal de Curitiba se prepara para sair de cena de forma melancólica. O adeus vai sendo dado a conta-gotas, e de maneira irreversível.
Primeiro, o jornal foi se desfazendo dos profissionais que considerava dispensáveis; depois, desfez-se dos indispensáveis também.

O conteúdo, em declínio constante, deixou de atrair leitores. E o ciclo da morte anunciada, acelerou-se. O formato foi reduzido. Eliminou-se a edição de sábado, cortaram-se cadernos, colunistas e sucursais.
Agora, a “Gazeta” suspendeu a venda de assinaturas e, no dia 18 deste mês, vai cancelar todas as atividades no interior do Estado. Inclusive o envio dos jornais para as bancas.
No meio jornalístico, diz-se que o jornal já faleceu. Não tem mais atividade cerebral. Só falta desligarem as máquinas para morrer de fato. E isso ocorrerá antes que o mês de abril chegue.
Sinal da falta de atividade cerebral do jornal: todo dia 3 de fevereiro, há 97 anos, a “Gazeta” comemora com estardalhaço o seu aniversário. Neste ano, não. Silêncio. Triste silêncio. Não só para os funcionários, não só para a comunidade jornalística. Mas para toda a sociedade paranaense, e, principalmente, a curitibana.
No início dos anos da década de 1980, quando eu cursava jornalismo na UFPR, Curitiba era, com orgulho, a cidade brasileira que mais tinha jornais diários proporcionalmente à população Tanto, que não havia problema de falta de emprego para os jornalistas recém-formados. Tínhamos, se a memória não me falhar, os seguintes jornais em circulação: “Diário Popular”, “Diário do Paraná”,(depois virou “Folha de Curitiba”), “O Estado do Paraná”, “Tribuna do Paraná”, “Indústria & Comércio”, “Correio de Notícias”, “Jornal do Estado”, as grandes sucursais do “Jornal do Brasil”, do “Estadão”, da Editora Abril e da Bloch Editores… Havia, ainda, uma sede grande da EBN (Empresa Brasileira de Notícias – do governo federal). E tínhamos, também, jornais semanais como o “Voz do Paraná” e o “Curitiba Shopping”. Tudo isso se passou. Virou história.
A “Gazeta” foi a última dos moicanos. Resistiu bravamente ao avanço massivo, irrefreável e determinado da internet.
Oremos, pois, pela “Gazeta”


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