RÉQUIEM PARA A “GAZETA DO POVO”
Por Valdir José Cruz – via blog do Cícero Cattani
O último grande jornal de Curitiba se
prepara para sair de cena de forma melancólica. O adeus vai sendo dado a
conta-gotas, e de maneira irreversível.
Primeiro, o jornal foi se desfazendo dos profissionais que considerava
dispensáveis; depois, desfez-se dos indispensáveis também.
O conteúdo, em declínio constante,
deixou de atrair leitores. E o ciclo da morte anunciada, acelerou-se. O formato
foi reduzido. Eliminou-se a edição de sábado, cortaram-se cadernos, colunistas
e sucursais.
Agora, a “Gazeta” suspendeu a venda
de assinaturas e, no dia 18 deste mês, vai cancelar todas as atividades no
interior do Estado. Inclusive o envio dos jornais para as bancas.
No meio jornalístico, diz-se que o
jornal já faleceu. Não tem mais atividade cerebral. Só falta desligarem as
máquinas para morrer de fato. E isso ocorrerá antes que o mês de abril chegue.
Sinal da falta de atividade cerebral
do jornal: todo dia 3 de fevereiro, há 97 anos, a “Gazeta” comemora com
estardalhaço o seu aniversário. Neste ano, não. Silêncio. Triste silêncio. Não
só para os funcionários, não só para a comunidade jornalística. Mas para toda a
sociedade paranaense, e, principalmente, a curitibana.
No início dos anos da década de 1980,
quando eu cursava jornalismo na UFPR, Curitiba era, com orgulho, a cidade
brasileira que mais tinha jornais diários proporcionalmente à população Tanto,
que não havia problema de falta de emprego para os jornalistas recém-formados.
Tínhamos, se a memória não me falhar, os seguintes jornais em circulação: “Diário
Popular”, “Diário do Paraná”,(depois virou “Folha de Curitiba”), “O Estado do
Paraná”, “Tribuna do Paraná”, “Indústria & Comércio”, “Correio de
Notícias”, “Jornal do Estado”, as grandes sucursais do “Jornal do Brasil”, do
“Estadão”, da Editora Abril e da Bloch Editores… Havia, ainda, uma sede grande
da EBN (Empresa Brasileira de Notícias – do governo federal). E tínhamos,
também, jornais semanais como o “Voz do Paraná” e o “Curitiba Shopping”. Tudo
isso se passou. Virou história.
A “Gazeta” foi a última dos moicanos.
Resistiu bravamente ao avanço massivo, irrefreável e determinado da internet.
Oremos, pois, pela “Gazeta”
Oremos, pois, pela “Gazeta”
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