LULA E A PESQUISA QUE A ELITE NÃO ENTENDE: O
“BOTA O RETRATO DO VELHO OUTRA VEZ”
Para o diretor da Ideia Inteligência, Maurício Moura, a boa lembrança do governo Lula na área econômica será numa
disputa presidencial em 2018
|
A edição de hoje do Valor (aqui, para assinantes) tem um interessante relato sobre uma pesquisa qualitativa feita
com eleitores de Lula – e não do PT – das classes C e D de regiões periféricas
de São Paulo, de 25 a 55 anos. O jornal contratou a empresa Ideia
Inteligência para saber como, apesar de todo o bombardeio da mídia e do
Judiciário, Lula segue cada vez mais favorito nas pesquisas.
E o próprio jornal escolheu a palavra que define o
sentimento generalizado no grupo pesquisado: “saudades”.
” Eleitores não ideológicos que estariam dispostos a guiar a
escolha baseados em boas lembranças daquele governo. Lembranças associadas,
principalmente, a aspectos econômicos. (…) No grupo em que só um disse não ter
apoiado o impeachment de Dilma, a figura
política de Lula foi reverenciada. A discussão em torno de seu nome, conforme
assinalam os pesquisadores, é embalada por “forte apelo emocional”, movida por
um sentimento de gratidão extrema, ligada à sensação de boa situação financeira
(…) que marcou os governos Lula na memória dos entrevistados” (…) Um dos
aspectos mais destacados pelos participantes foi o do trabalho, realçado
várias vezes durante a sessão. “Havia um equilíbrio entre as coisas, a taxa de
desemprego era muito baixa. No governo dele eu arrumava emprego fácil, mesmo
sendo menor de idade”, afirmou um dos participantes. “Antes eu escolhia a
empresa que eu queria trabalhar”, completou outro. “Era um governo que todo
mundo gostava, você não via ninguém fazer baderna”, resumiu mais um. “Só quem
não gostou da administração dele foi o pessoal da classe A. Muita gente
começou a ter opção e salário melhor e parou de se sujeitar para os patrões.”
No jornal, o diretor da Ideia
Inteligência, Mauricio Moura, diz que a boa lembrança do governo Lula na área
econômica será numa disputa presidencial em 2018.
“As pessoas reconhecem que a vida era melhor quando ele era
presidente”, diz. “E gratidão parece ser uma coisa muito forte nesse grupo.”
Ao contrário do que se revela em parte
da classe média e, sobretudo na elite política, sempre disposta a mudar de lado
às conveniências de momento.
Aos que são pretensiosos, que
gostam de dizer ao povo como deve se comportar e fazer suas escolas políticas,
aos que não conseguem entender como a marchinha do “Bota o retrato do velho outra vez/bota no mesmo lugar”
refletia a compreensão da massa de que Getúlio significava direitos, fica
advertência para atendar ao processo de formação da consciência do povão.
Mesmo submetido a um massacre de mídia,
mesmo doutrinado por um discurso moralista hipócrita, mesmo não podendo contar
com uma esquerda que mergulhe em seu universo e o politize, ele sabe onde estão
seus interesses, a sua defesa.
O terreno de Lula é a discussão dos
direitos sociais, da retomada econômica, do emprego, da moradia, do consumo
popular. E da autoridade que lhe dá ter governado com estas prioridades.
Se não atentarmos a isso, ficamos igual
às eleições municipais, onde os votos do Freixo não atravessaram o túnel ou a
São Paulo, onde Haddad não chegou a Parelheiros.
POR FERNANDO BRITO DO TIJOLAÇO
Nenhum comentário:
Postar um comentário